segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #18 Procurar o interruptor

Todos nós já tivemos momentos de piloto automático em que, pura e simplesmente, desligamos, embora consigamos manter uma aparente atenção ao que nos está a ser dito (mesmo quando estamos a olhar para todo o lado, menos para quem fala connosco).
Acontece mais vezes do que era suposto mas, como o piloto automático nos permite registar a conversa e até responder de forma mais ou menos coerente, é o tipo de situação que, muitas vezes, passa despercebida (excepto quando estamos numa fila, de costas voltadas para quem está a falar).
O problema é que o piloto automático de registo de conversas, como automático que é, liga- se sempre que quer e regista tudo o que lhe apetece. Inclusive as conversas na mesa do lado.
Claro que ajuda o facto do tom de voz não ser exactamente o mais discreto (conseguindo sobrepor-se ao nosso) mas nem eu nem quem estava comigo tínhamos qualquer interesse em receber uma formação intensiva sobre o sector das farmácias. Em qualquer ocasião. Muitos menos, enquanto jantava.
É nestes momentos que seria de extrema utilidade a existência de interruptores que permitissem desligar determinadas funções.
Na impossibilidade de desligarmos os outros (já agora… passar um jantar inteiro a falar de trabalho é um bocado seca, tá!?), desligávamos a função de audição periférica.
Até lá, e enquanto não descobrimos o interruptor, a partir da terceira Marguerita de morango, o efeito é o mesmo.
O que, embora não sendo tão rápido, é muito mais agradável.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #17 Fazer (sem pensar). E deixar de pensar no que estarás a fazer


Photography / People & Portraits / Spontaneous Portraits ©2008-2011 by CarolinaMaria



“Jumping at several small opportunities may get us there more quickly than waiting for one big one to come along.”
Hugh Allen

É inevitável quando nos afastamos de alguém, que parte do tempo seja consumido a pensar no “e se..” e que, a alturas específicas do dia, pensemos no que esse alguém estará a fazer.

Onde anda? Estará nos mesmos lugares, a fazer o mesmo que fazia habitualmente? Mudou tudo? Com quem está (acima de todas as outras, esta é de evitar)?

Reparem que utilizei a palavra “consumido”. Não sendo necessariamente um eufemismo (até porque poderia ter utilizado “desperdiçado”, “perdido” ou algo do género), “consumido” expressa bem aquilo que acontece com o tempo utilizado desta forma. Consome-se e nada fica. E enquanto o fazemos, consumimo-nos nós.

E enquanto pensamos (a ser verdade a teoria feminina de que os homens são incapazes de fazer duas coisas ao mesmo tempo), a vida passa ao lado.

As oportunidades batem à porta e nós não ouvimos. Piscam-nos o olho e nós achamos que é conjuntivite. E quando alguém aparece, lembramos Alexandre O’Neill, e dizemos que estamos ocupados a entrevistar-nos a nós próprios.

E com isso, a única coisa que ganhamos é… mais tempo para consumir.

Por isso, (e seguindo a maré de bons/maus conselhos da semana), ao contrário do que sempre nos ensinaram, às vezes, talvez não seja mau agir duas vezes antes de pensar.

Claro que nos podemos arrepender mas, quando pensamos duas vezes antes de agir, isso também pode acontecer. E, se demorarmos muito a pensar, podemos nem chegar a agir.

Façam!

Aproveitem as oportunidades!

E…

“If opportunity doesn't knock, build a door.”
Milton Berle

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #16 Heroes

Finalmente tempo para ver os últimos episódios da série final de Heroes.
Uma série fabulosa sobre gente com poderes especiais mas que tem muito mais a ver connosco do que, à partida, podemos pensar.
Qualquer um de nós consegue tornar-se invisível como a Becky, mudar de lugar repentinamente como o Hiro, ficar um bloco de gelo como a Niki (eu e tu fazemo-lo tão bem). Já requer maior esforço ter o poder de curar os outros... Mas, por outro lado, é tão fácil soltar o Sylar que há em nós e magoar alguém.
De facto, só nos falta o poder da Claire de nos regenerarmos a cada golpe.

Mil maneiras de preencher o vazio... #15 Olhar e ver

Num estudo recente, um grupo de investigadores americanos quis medir o grau de atenção das pessoas em espaços públicos.
O teste era simples: um palhaço, meia dúzia de voltas numa multidão e inquéritos pessoais no fim. As conclusões foram interessantes: 1) quem reparava no palhaço era quase sempre quem estava entretido a conversar com outros; 2) a atenção descia ligeiramente quando as pessoas estavam sozinhas; 3) a atenção descia consideravelmente se o palhaço passava quando o espectador estava entretido ao telemóvel.
Os investigadores colaram os dados recolhidos a uma teoria científica - inattentional blindness - e repetiram o que outros psicólogos já tinham concluído.
Há uma incapacidade humana de ver coisas que estão à frente dos olhos e a explicação é simples: as pessoas ou não estão preparadas para aquilo ou estão a prestar atenção a outra coisa. Sendo que outra coisa é, muitas das vezes, coisa nenhuma.
De tanto tempo que passei a olhar para ti, fico a pensar em quanto dele estava realmente a ver-te.
Em dias como este, mesmo sem te ver, queria olhar para ti…

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #14 Aproveitar estes dias de Primavera antecipada

Em maré de (bons) maus conselhos.
Sair mais cedo, almoçar numa esplanada e regressar com meia-hora de atraso.
Parte boa: ninguém deu por isso. Aliás, houve quem chegasse depois de mim.
Parte menos boa: não bebi a sangria de champanhe e frutos vermelhos que me apetecia porque pensei que fossem notar. Pela cara de alguns dos meus colegas, houve quem bebesse.
Para lá de atrasados, olhámos uns para os outros com ar de culpados, tivemos o nosso momento telepático de “não vamos falar sobre isso” e cada um para o seu lugar a fingir que trabalha.
Em dias como este, não apetece mesmo nada.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #13 Buzinar

Depois de alguns conselhos bonzinhos e politicamente correctos, hoje apetece-me preencher o vazio fazendo algo completamente errado mas que, às vezes, sabe bem.
Conduzir pode ser uma actividade agradável, em determinadas circunstâncias. O problema é que essas circunstâncias raramente surgem. O resto do tempo, tenho que fazê-lo no inferno do trânsito de Lisboa ou arredores (o que é mais ou menos a mesma coisa mas em mais feio).
Se considerarmos que a roda é das maiores invenções da humanidade, a buzina deve vir quase a seguir no ranking (pelo menos para quem conduz em qualquer grande cidade).
Descontando o facto do simples acto de nos sentarmos ao volante ser meio caminho andado para soltar o louco homicida que há em cada um de nós, a buzina acaba por ter um papel fundamental na manutenção daquela camada de civilização que nos separa da camisa-de-forças.
O princípio é o mesmo do funcionamento da panela de pressão. Uma ou outra buzinadela (ou muitas), um insulto velado ou gritado (de preferência sem ofender os progenitores de ninguém) e podemos prosseguir viagem sem entrar na espiral de loucura de Michael Douglas no Fallingdown.
Na prática, a camisa-de-forças seria a indumentária ideal para a maioria dos condutores (eu incluído) mas não seria muito prático conduzir dessa forma.
Além de que o modelo não é exactamente do mais fashion que existe e não está disponível em muitas cores…
…o que limita, em dias como este.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #12 Um dia no Zoo com os sobrinhos

Ontem de manhã, fui buscar os meus três - felizmente já livres de fraldas - sobrinhos, a casa da minha irmã para os levar ao Zoo. Esta visita estava prometida há muito mas, por um ou outro motivo, nunca se tinha concretizado.
Agora que penso bem no assunto, nunca me tinha dado conta da capacidade infinita que estes seres, "dotados" de uma total imprevisibilidade, têm de nos manter ocupados.
A aventura começa no carro, eu diria que... 30 segundos após a saída.
Assim que ligo o motor há um factor qualquer, para o qual eu não tenho explicação (se alguém tiver que me diga), que vem despoletar de imediato a seguinte frase "tio, quero água". Felizmente, fui preparado.... Ainda não percorremos 500 metros e seguem-se as perguntas inevitáveis "ainda falta muito?”, “estamos a chegar?". Que se repetem aproximadamente de 2 em 2 minutos até à chegada.  
No meio de um xixi, uma gargalhada, um tropeção, logo seguido de um "engoli a pastilha" (que a minha irmã não leia isto) e um "tenho fome", tudo intercalado com um milhão de perguntas para as quais nem sempre temos resposta (e acreditem, o jardim zoológico é um sítio bem propício a perguntas que se enquadram na classe do "E agora?")...  a probabilidade de sentir o vazio é quase nula.
Se acrescentarmos a isto, o facto destas rotinas se repetirem vezes sem conta (à excepção do "engoli a pastilha". Não lhes dei mais nenhuma!), depressa entendemos que, com crianças por perto, não existe vazio....
Nunca entendi porque é que os timings das crianças são tão desfasados, porque é que só têm sede quando acabámos de pagar a conta e sair do café, porque é que um só tem vontade de ir à casa de banho quando o outro acabou de sair de lá...

Ah... mas, estava quase a esquecer-me de um detalhe importante, numa coisa os meus sobrinhos estão em sintonia em relação a idas à casa de banho: a vontade surge normalmente quando estamos a meio de uma refeição e, se estivermos num restaurante, a probabilidade de isso acontecer quando o nosso prato acabou de chegar é de... eu diria... uns 100%.
No meio de todas estas aventuras .... e daquele abraço inesperado e sentido que nos deixa quase sem reacção... pouco tempo sobra para sentir o vazio.
Mas isto não dura sempre... Podia tentar pedi-los "emprestados" durante uns tempos mas… nº1 não me parece que a minha irmã estivesse aberta à sugestão; nº2 não me parece que eu conseguisse sobreviver sem um curso intensivo e uma boa dose de vitaminas; nº3 os "custos de manutenção" dos miúdos nos dias que correm são elevadíssimos... Um simples dia do Jardim Zoológico, com entradas, refeições, estacionamento... devorou uma fatia "simpática" (digo simpática, porque valeu muito a pena) do meu plafond até ao fim do mês.
Sim, nunca me tinha dado conta de como os miúdos conseguem preencher o vazio... no final do dia, quando regresso a casa e eles já dormem no banco de trás do carro, não consigo deixar de pensar, como teriam sido os nossos filhos.
Fiquei exausto (daí os zero posts ontem), mas exausto é bom…  em dias como este.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Black Swan

Normalmente quando vou ao cinema (e vou muitas vezes), logo que o filme termina toda a gente se apressa a correr para a saída como se temessem que o último a sair tivesse que limpar os restos de pipocas que ficam espalhados pelo chão.
Ontem aconteceu precisamente o contrário.
Última sessão, sala cheia, termina o filme e ninguém se levanta da cadeira. Um, dois minutos de genérico final e todos sentados.
Posta desde logo de parte a hipótese de todos terem adormecido (até porque não era filme para isso), fica a explicação: Black Swan é um murro no estômago.
Um filme cru, esteticamente feio, tragicamente belo, com Natalie Portman contida (num papel em que facilmente se entraria em overacting) e magnífica, e Vincent Cassel desconfortável como só ele consegue ser.
Em cada um de nós vive um cisne branco e um cisne negro.
E há formas piores de o descobrir do que vendo um dos melhores filmes do ano.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #11 Chegar a horas

Confesso que sempre tive uma relação conflituosa com a pontualidade.
Há anos que os desencontros são permanentes e os momentos de convergência são tão poucos e espaçados que poderão ser julgados como acidentais.
Não sei quantas vezes tomei como decisão de ano novo começar a chegar a horas. Mas tal como todas as decisões de ano novo que passam de ano para ano, esta deixa de ser cumprida nos primeiros dias.
Na verdade… é logo a primeira a deixar de ser cumprida. Ao contrário de outras que vão fazendo aparições esporádicas até ao desaparecimento final, mantém uma invulgar constância e nunca se faz notar.
Felizmente, há defeitos nossos que, aos olhos de quem gosta de nós, se tornaram características e marcas indeléveis de personalidade (há quem diga também de futilidade, pelo tempo que demoro a arranjar-me) mas, ainda assim, prometo tentar ser pontual.
Não digo na hora de chegar ao trabalho mas, pelo menos, em qualquer outro compromisso.
Afinal, contigo chegava sempre cedo.  
Fico por aqui.
Já estou atrasado.


PS: Se alguém quiser oferecer-me, como contributo para uma maior pontualidade, o modelo acima fotografado...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Valentine's day at Coliseu...

‘Cause if one day you wake up and find that you’re missing me
And your heart starts to wonder where on this earth I could be…

A propósito de chapéus-de-chuva…

Mil maneiras de preencher o vazio... #10 Deixar de perder chapéus-de-chuva

Quem nunca perdeu um chapéu-de-chuva ponha o dedo no ar!
Ninguém… Claro…
Perder um chapéu-de-chuva é daquelas coisas tão naturais como o Sporting não ser campeão.
No meu tempo de vida, só vi o Sporting ser campeão quatro vezes. Mais ou menos o número de vezes em que consegui regressar a casa ao fim do dia com o mesmo chapéu-de-chuva com que saíra de manhã.
Encaremo-lo como um facto da vida. Uma inevitabilidade Karmica.
Ainda assim, é uma inevitabilidade Karmica que só nos acontece quando realmente precisamos dele. O que talvez se explique pelo facto de só o trazermos quando chove.
Bem... por vezes, sucede sairmos de casa com a promessa de um temporal e, uma hora depois, damos por nós aquecidos por um Sol de Inverno a pedir óculos escuros. Nessas alturas, em que até agradecíamos que o chapéu-de-chuva se evaporasse, ele ganha personalidade e faz disparar uma campainha cada vez que estamos na iminência de o deixar para trás. 
Quando chove (muito), inevitavelmente, perdemo-lo. 
Pior que perder um chapéu-de-chuva, só perder dois no mesmo dia (sendo que um não era meu). Coisa que fiz ontem e me deixou hoje perante dificil e delicada escolha entre três modelos (qual deles o melhor): um claramente feminino; outro ao qual faltam duas varetas; e, um último, amarelo com publicidade a uma marca de whisky (e mais próximo do tamanho chapéu de sol).
Acrescento que não faço a mais pequena ideia como foram parar a minha casa. Embora a geração espontânea não me pareça uma hipótese.
Optei pelo modelo feminino. Pareceu-me o mais discreto.
Não perder chapéus-de-chuva talvez não nos ajude a preencher o vazio. Mas, pelo menos, mantém-nos secos.
O que, em dias como este, também não é de desprezar…

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #9 Sorrir

Partindo do princípio que a maioria das pessoas com nos cruzamos diariamente não se submeteu a tratamentos de botox mal sucedidos, não deixa de ser estranha a dificuldade que algumas delas revela em sorrir.
Não devendo dinheiro a ninguém (o banco e a parcela que cada um de nós tem da divida do Estado não conta para aqui), interrogo-me às vezes porque é que algumas pessoas são incapazes de acompanhar o “bom-dia” com um sorriso (se é que aquilo que dizem entre dentes é “bom-dia” e não algo semelhante a “drop dead”).
A contorção de lábios e músculos faciais que praticam não é um sorriso, é, quando muito, um esgar. Como a expressão é invariavelmente a mesma com quem quer que se cruzem, não pode ser nada de pessoal. A não ser que sejam eles os investidores secretos (e eu a pensar que eram os chineses e o BCE) que vão aos leilões de divida pública e aí compreende-se…
Dando, desde logo, o desconto em relação àqueles dias em que não temos qualquer razão para o fazer, sorrir não é um acto tão complexo ou trabalhoso que requeira qualquer competência especial.
Não precisa de preparação.
Não carece de treino (aliás, se for excessivamente treinado soa a falso).
Não paga imposto (pelo menos até ao próximo PEC).
E é reversível (exceptuando o caso do Joker, mas esse também não é exactamente o sorriso que desejamos receber).
Ok. Provoca rugas…
Mas viver também. E não me parece que qualquer um de nós o queira deixar de fazer só para não ter rugas.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #8 Don’t give a damn about Valentine’s day


O dia dos namorados é uma espécie de Natal.
Muito amor, muitos presentes e… muita pressão para fazermos tudo aquilo que não fazemos (e deveríamos fazer) o resto do ano.
Resultado: As flores esgotam, os restaurantes enchem (e, se nos atrasamos, esperamos duas horas por uma mesa, eutanaziando precocemente o jantar romântico) e, no fim, acabamos sempre por não oferecer exactamente aquilo que queríamos.
Esqueçam o Kitsch dos cartões com frases feitas, dos ursinhos de peluche e dos balões em forma de coração (embora até goste de balões, em outros dias do ano).
Esqueçam as ofertas de lingerie. Se colocamos expectativas em ofertas de lingerie num dia específico é porque algo na nossa vida não está assim tão bem, certo?
Lembrem-se de tudo o que ficou por dizer e comecem hoje.
Lembrem-se dos abraços que ficaram por dar, nos outros dias do ano. E dêem-nos já.
Desliguem o piloto automático dos beijos. Agora!
Mas não se esqueçam de continuar amanhã. A ideia não é deixar que se esgote num dia.
O dia dos namorados é uma espécie de Natal.
Por isso também pode (deve) ser sempre que quisermos.
Todos os dias são bons para dizer o quanto gostamos. Por isso…
Digam-no muitas vezes (sem frases feitas, de preferência)!
Gostem muito de alguém!
Gostem de muita gente!
E…
Don’t give a damn about Valentine’s day.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Num domingo como este…

Corrida no paredão da Marginal, Sol (muito) intermitente, menos paragens do que habitualmente (esgotaram a energia no ginásio ou tiveram medo da chuva?). Compensados os excessos do jantar de ontem (aqui tenho algumas dúvidas… Comida indiana…).
Regresso a casa, banho quente e chá a fumegar.
Computador já ligado. Há trabalho para ser entregue (embora falte a vontade para começar).

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #7 Sexo sem compromissos

Estou a falar (ou não) da comédia “Sexo sem compromissos” de Ivan Reitman.
Começo por uma declaração de interesses comum à maioria/totalidade do género masculino. Não gosto de comédias românticas.
Problema número 1: A maioria das mulheres gosta.
Problema número 2: Gosto mais de mulheres que gostam de comédias românticas.
Problema número 3: As mulheres que não gostam de comédias românticas tendem a arrastar-me para ciclos de cinema Búlgaro neo-realista (ou algo do género). E eu fico o resto da noite a desejar que elas gostassem de comédias românticas.
Consequências 1, 2 e 3: Não há como fugir. Nós, homens, estamos condenados a ver comédias românticas. Portanto, “No strings attached” é uma oportunidade de surfar a onda.
Como comédia romântica está acima da média, a Natalie Portman é óptima actriz e continua linda e… o título permite que sejamos nós, desta vez, a tomar a iniciativa de propor uma comédia romântica.
O trocadilho pode ser inconsequente (ou nem tanto).

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #6 The Biggest Loser

"There is no perfection, only life"
Milan Kundera (The Unbearable Lightness of Being)
Tal como com muitas outras coisas, habituei-me a associar o Biggest Loser a ti.
Antes que te zangues, devo frisar que não penso que tenhas (e não tens mesmo) qualquer problema de peso.
Inclusive a tua barriga que tanto detestas é, na minha opinião, altamente sensual. Acho que não fazes ideia do quanto eu gostava de, ao abraçar-te, descansar lá uma das mãos. E, decerto, não te apercebeste que na última vez que adormeceste junto a mim fiquei duas horas a ver nela o ritmo da tua respiração.
Sinto a falta do teu sofá (e de o desarrumar) e de lá ficar a ver o Biggest Loser.
Noutro sofá (e sem ti) continuo a vê-lo muitas noites.
Noutro sofá (e sem ti) continuo a achar a Jillian fantástica. Embora agora já não estejas lá para fingir que ficas com ciúmes.
Noutro sofá (e sem ti) continuo a admirar a capacidade de superação e a entreajuda entre os concorrentes. São uma fonte de inspiração permanente para todos.
Quando penso que, sem ti, o Biggest Loser sou eu, ligo a televisão e mostram-me que nenhum peso (real, imaginário ou metafórico) é demasiado para ser carregado.
Qualquer peso pode ser perdido, qualquer obstáculo pode ser superado. Depende de nós. Se bem que a ajuda de um Bob ou de uma Jillian (de preferência) seja sempre bem-vinda.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Enquanto não chega o calor...

Hugo Boss Orange Spring Summer 2011


Enquanto não chega o calor...




Spring Summer 2011 THE SISLEY GUIDE TO CITY STYLE

Mil maneiras de preencher o vazio... #5 Trabalhar

Independentemente da área, trabalhar é sempre uma forma de preencher o vazio. E, se peca por não ser novidade e não constituir uma alteração na rotina (excepto para um ou outro dos meus amigos, para quem trabalho é um conceito  estranho), tem por outro lado a vantagem de trazer uma compensação imediata (ainda que o imediato seja apenas no final do mês).

Claro que há situações em que trabalhar, não só não preenche o vazio, como serve para o aprofundar. Mas se não encontrarmos motivação naquilo que fazemos, encontramos motivação naquilo que vamos fazer com o que nos pagam pelo que fazemos.

Numa situação ideal, poderíamos excluir o horário rígido, o chefe chato, o trânsito para lá chegar, o lugar de estacionamento que nunca existe, o fiscal da EMEL que nos persegue (só pode… multar-nos todos os dias é perseguição), a saída depois da hora (ainda não percebi como é que o horário varia da rigidez máxima na entrada à flexibilidade absoluta na saída) e o trabalho que ainda trazemos para casa.

Numa situação ideal, não precisaríamos de mil maneiras de preencher o vazio.

Em dias como este, trabalhar preenche-me o tempo. O espaço só tu podes preencher.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Para a Filipinha...

Há uma menina invisível
Que todos os dias nós vemos
Que sorri quando chegamos
Que dá tudo o que pedimos
E a quem nem sempre sorrimos.

Na pressa com que passamos
Com o sorriso já esquecido
Esquecemos também o bom-dia
E nem nos apercebemos
Que à menina invisível
O sorriso lhe fugia.

E só quando não está lá
E não sabemos onde está
Lembramos que a cada dia
Uma menina invisível
Ao chegarmos nos sorria.

Desculpa por todos os que não sorriram.
Nós vemos-te. Volta rápido. Fazes-nos falta.

O perigo de uma história única (I)


The problem with stereotypes is not that they are untrue, but that they are incomplete.
'The Danger of a Single Story', TED: Ideas Worth Spreading, July 2009.


Há sempre três lados para cada história. O teu, o meu e a verdade.

O problema começa quando pensamos que só existem dois. E que, sendo o nosso a verdade, bastaria existir um.

Ortega y Gasset afirmava que “eu sou eu e as minhas circunstâncias”.
Podemos sempre acrescentar que o outro é apenas o outro. Sem circunstâncias. Facilita-nos a vida, num duplo sentido. As nossas circunstâncias podem ser usadas como atenuantes. Dotar o outro de circunstâncias é um exercício moroso e complexo. Eventualmente desnecessário, na opinião de alguns. O outro é apenas o outro. Basta isso. Até porque, cada vez mais, nós somos apenas nós.

O perigo de uma história única começa nos esteriótipos de Chimamanda Adichie, aplicados ao outro. Infelizmente, não se esgota aí. A esteriotipização tornou-se ferramenta duma sociedade formatada e demasiado preguiçosa para aceitar variantes. Depois de séculos a esteriotipar o outro, vamos alegremente dando o passo seguinte: esteriotiparmo-nos a nós próprios, como fase intermédia para a normalização absoluta.

A diversidade exige tempo. E nós não temos. Exige abertura. E nós não queremos. Exige aceitar as diferenças. E nós achamos que não podemos. Exige, antes do mais, atenção para percebermos aquilo que nos pode trazer de bom. Mas, obviamente, atenção é algo que nos devem. Nós não devemos.

Sempre fomos desinteressados no conhecimento do outro. Quando revelámos interesse foi por uma infinidade de razões erradas. Tornámo-nos preguiçosos, à medida que a tecnologia nos facilitou a vida. Com a vida facilitada, ficámos ainda mais vulneráveis e impressionáveis. 

Dificilmente, ao olharmos ao espelho, aceitaríamos ver o outro mas a questão torna-se mais complexa quando, progressivamente, nesse mesmo momento perante o espelho, vemos apenas aquilo que se convencionou que somos nós. Sempre reduzimos o outro à sua condição de outro. Agora reduzimo-nos a nós à condição de únicos.

Os outros, os diferentes, os estrangeiros eram facilmente identificáveis por uma mão cheia (e às vezes nem isso) de características. Os americanos gordos, os snobs ingleses, os alentejanos preguiçosos, as louras burras... Salvava-se a diversidade. Toda ela plantada à nossa porta. Nós não somos seguramente iguais aos nossos vizinhos, aos nossos amigos ou aos nossos colegas. Nem sequer aos nossos familiares, mesmo partilhando a mesma herança genética.
Temos uma coisa em comum, porém. Nós somos os bons. 

Sartre dizia que o inferno são os outros, mas não verbalizou qualquer novidade. A culpa dos outros é um pensamento recorrente na espécie humana.

Claro que nem sempre os outros são maus. Podem ser bonzinhos. Bons, não. Os bons somos nós. Os outros são bonzinhos, pobrezinhos, bonitinhos, coitadinhos... Infantilizados, na nossa infinita bondade.

Mostre-se um povo como uma única coisa e apenas como uma única coisa, vezes e vezes sem conta, e é nisso que ele se tornará. Pelo menos, aos olhos dos outros. Mostre-se a um povo uma coisa e uma única coisa e é nisso que ele se tornará. É nisso que ele terá que se tornar aos olhos de si mesmo.

Há muito que não conseguimos ver ao longe. Criámos, na nossa miopia, uma imagem disforme do outro da qual só reconhecemos os contornos. Não satisfeitos e habituados a contornos, marcamos agora pontos de referências daquilo que podemos ver ao espelho. De tão confortáveis que estamos, ansiamos pelo dia que todos os contornos sejam iguais. Os nossos e os dos outros.

Igualdade!

Unidade!

Diversidade? Não é importante. Não numa história única.

Há sempre três lados para cada história. O teu, o meu e a verdade.

Este é o meu. Esperemos que não se torne a verdade.





terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #4 Ouvir os outros

There are people who, instead of listening to what is being said to them, are already listening to what they are going to say themselves.
Albert Guinon
Quantas vezes ouvimos os outros?
Não estou a falar daqueles momentos em que esperamos , silenciosa e respeitosamente, pelo momento em que o outro se cale para, então sim, falarmos nós.
Nem daqueles em que nos limitamos a ter à nossa frente alguém que debita, em formato de conversa, uma banda sonora insignificante (e moderadamente irritante), enquanto nós pensamos no que vamos fazer mais tarde. Ou no que fizemos antes. Em boa verdade, em qualquer coisa menos naquilo que o outro nos está a (tentar) dizer.
A sério, quantas vezes ouvimos os outros?
Se escutarmos, podemos até encontrar maneiras de preencher o vazio.
Por vezes, não o nosso.
Mas, na realidade, também não temos o exclusivo do vazio. Certo?
Opportunities are often missed because we are broadcasting when we should be listening.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Músicas como esta... #1

Uma boa maneira de acabar dias como este ou começar dias como os que hão-de vir

Mil maneiras de preencher o vazio... #3 Ir às compras

Esta é óbvia.
Muito mais abrangente e universal que a ida ao cabeleireiro.
Admito que, no caso feminino, a mudança de visual dada pelo cabeleireiro seja muito mais radical (embora mais dificilmente reversível) e, em dias como este, seja a primeira tentação. Mas, para um homem, ir às compras é muito mais seguro.
Os homens tendem a ser muito mais conservadores em relação a cortes de cabelo e, por norma, não são muito dados a mudanças radicais nesta área. Até pelo facto de estarem, muitas vezes, sujeitos a duas condicionantes: ou o cabelo já está demasiado curto para ser susceptível de grandes alterações ou (hipótese 2 e bem pior) já não há cabelo de todo.
Sobram, naturalmente, as alterações de cor. A evitar, em dias como este e em todos os outros. Nuances e madeixas, inclusive. A englobar no mesmo grupo das coisas igualmente recomendáveis como cortar os pulsos ou fecharmo-nos em casa.
Por isso, compras aí vamos nós.
As novas colecções já estão aí. Ainda há a hipótese de encontrar algum tesouro perdido nos saldos. Portanto…
A nova colecção da Tommy tem umas t-shirts e umas echarpes lindas e, com o tempo que está, são irresistíveis (sem provocar grandes rombos no orçamento).
Gastar dinheiro só para nos sentirmos bem, pode deixar algum sentimento de culpa. Fazer aquilo que não queremos, deixa, seguramente, muito mais.
Pormenor importante! Convém ter em atenção aquilo que podemos gastar mas…
 o cartão de crédito serve para dias como este.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #2 Ir ao futebol com os amigos

O futebol é sempre uma óptima maneira de esquecer o mundo.

Durante hora e meia, ficamos suspensos: da bola que não entra, do erro do árbitro (sempre contra a nossa equipa), do golo que até a nossa avó marcava, da sandes de manteiga que o nosso guarda-redes comeu antes do jogo e que faz com que não agarre uma bola e…do golo!!!!!

Do pular da cadeira de plástico que esconde, seguramente, uma mola incorporada. Do grito contido que guardámos de casa, do trabalho, do trânsito… (Bem, é melhor retirar o “do trânsito”. Ninguém contém gritos no trânsito. Pelo menos, não em Portugal).

Claro que, como a semana tem sido de dias como este, a minha escolha de sexta-feira não terá sido das melhores como maneira de preencher o vazio.

Os jogos do Sporting esta época não têm propriamente aquecido a alma a ninguém e em dia de despedida de Liedson, o melhor é somar ao meu vazio, o vazio que fica no ataque da minha equipa.

Obrigado, Levezinho!

Ir ao futebol com os amigos é uma de mil maneiras de preencher o vazio… mas não em dias como este.

Mil maneiras de preencher o vazio… #1 Criar um blogue.

"Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares demais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer."
Miguel Sousa Tavares, No teu deserto

Sem ti, sobra-me tempo. Sobra-me espaço.

Falta-me tudo. Faltas-me tu.

Não disse nem metade do que queria.

Provavelmente, terei dito muito que não devia.

Quando não sabemos o que queremos e a escolha se faz entre um mal e um mal maior, fica muito por dizer.

Não sei se ainda o quererias ouvir e não encontro forma de o fazer.

Num blogue, posso escrever as palavras que nunca te direi, os sms’s que nunca enviarei e…
Encontrar a primeira de mil maneiras de preencher o vazio.



7 dias como este...

A capacidade de gostar é infinita.
Já o lugar onde armazenamos tudo aquilo de que gostamos tem capacidade limitada. No meu caso, mesmo muito limitada. Até porque sempre esteve ocupado com uma auto-estima exacerbada.

Quando te conheci, fiquei com o problema de não ter espaço para guardar tudo aquilo que sentia. Mesmo que deitasse tudo o resto fora (e deitei), não cabia lá. Como tal, tive de construir anexos que nunca pareciam suficientes para guardar o tanto que gostava de ti.

Tantos anexos criei que já não sobrou espaço para mais nada. Não há um único lugar em mim que tu não tenhas preenchido. Sem ti, não sei o que possa fazer a toda esta área. Construí-a para ti. Não quero que mais ninguém a ocupe. Provavelmente, de inútil que é, acabarei por incendiá-la. Não sei quanto tempo demorará até arder completamente, mas sei que nesse espaço queimado não se pode construir mais nada. 

Falta-me saber como preencher o vazio…

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Mundo como este...



Cairo.
Fevereiro de 2011.
Uma fotografia fantástica de quando o desejo de algo melhor pode conduzir ao advento de algo pior.


Filmes como este... #1

Bom filme. Boa companhia. Mas não a que eu queria.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Gente (?) como esta...

Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar os seus semelhantes

Este video deve ser visto por todos, até ao ponto que conseguirem. Eu não vi mais de um minuto.
 A globalização deve ser uma rua com dois sentidos. Não basta importar produtos baratos e de qualidade duvidosa. Enquanto não conseguirmos exportar valores, podemos, no mínimo, ir exportando indignação.


Já lá vão três dias como este...


Conheci o asnovenomeublogue há pouco tempo. Foi-me apresentado pela minha (ex) namorada (Não consigo deixar de escrever ex entre parentesis. Ainda não me habituei à ausência dela, apesar de termos estado juntos pouco mais de dois meses).
O meu primeiro interesse no blogue foi por causa dela. Se ela gostava tanto..

Comecei por espreitar. Passei a visitá-lo diariamente e agora passo por lá várias vezes por dia.

É engraçado como, por vezes, abrimos um livro ou um blogue e encontramos algo que, naquele momento, parece escrito para nós.
Isto estava lá, na terça-feira:
“Claro que quando amamos alguém queremos que o bater do coração descompassado, as borboletas na barriga, o olhar brilhante, o "nada mais importa", perdure, e dure por muitos e bons anos. Claro que quando amamos alguém queremos que aquela pessoa faça parte da nossa vida o tempo todo. Queremos que a felicidade seja eterna. Queremos que a partilha não tenha fim, que a cumplicidade não se esgote e que os silêncios continuem a ser uma zona de conforto. Queremos isso tudo. Queremos o amor para sempre. Claro que sim, e eu não sou excepção. Mas prender? Não deixar/querer que ele/ela faça isto ou aquilo? Mas quem sou eu? Quem somos nós para limitar/condicionar/amarrar/restringir/mandar/obrigar as pessoas de quem mais gostamos? Que erro tão crasso. Que falta de respeito e confiança. Em nós, e na outra pessoa.
Por isto tudo e tanto mais, é que a letra desta música me faz todo o sentido: 'If you love somebody, set them free...". That's all.”

Lembro-me de, há uns anos, uma revista de música (já não recordo qual) ter realizado uma votação junto dos leitores para escolher a melhor música de sempre. A vencedora foi “Every breath you take” dos Police.
Quando comunicaram o facto ao Sting e lhe perguntaram o que pensava, este manifestou-se triste e disse que “Every breath...” era uma música neurótica e possessiva e ficaria muito mais satisfeito se a escolhida fosse “If you love somebody (set them free)”.

Passei as últimas duas semanas a lutar contra o “Every breath...”. Numa luta justa, não sei qual de nós iria ganhar.
Num golpe baixo, apliquei um “If you love somebody (set them free)” e há três dias terminei (espero que não) tudo.

Limitar/condicionar/amarrar/restringir/mandar/obrigar não faz qualquer sentido, nem faz parte de mim.
Gostar tanto de alguém que alterasse as minhas prioridades também não fazia mas... se as prioridades mudam, tudo pode mudar.

Há pessoas que precisam de alguém para as ajudar a respirar. Outras precisam de espaço.
Eu preciso de respirar o mesmo ar que ela.
Não tem de ser sempre. Basta que seja para sempre.
Torná-la o centro do mundo asfixiava-a. No centro do mundo, talvez haja menos ar para respirar.
Não podemos asfixiar quem mais gostamos. Devemos deixar ir.
Mesmo que isso nos asfixie a nós.