segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mil maneiras de preencher o vazio... #12 Um dia no Zoo com os sobrinhos

Ontem de manhã, fui buscar os meus três - felizmente já livres de fraldas - sobrinhos, a casa da minha irmã para os levar ao Zoo. Esta visita estava prometida há muito mas, por um ou outro motivo, nunca se tinha concretizado.
Agora que penso bem no assunto, nunca me tinha dado conta da capacidade infinita que estes seres, "dotados" de uma total imprevisibilidade, têm de nos manter ocupados.
A aventura começa no carro, eu diria que... 30 segundos após a saída.
Assim que ligo o motor há um factor qualquer, para o qual eu não tenho explicação (se alguém tiver que me diga), que vem despoletar de imediato a seguinte frase "tio, quero água". Felizmente, fui preparado.... Ainda não percorremos 500 metros e seguem-se as perguntas inevitáveis "ainda falta muito?”, “estamos a chegar?". Que se repetem aproximadamente de 2 em 2 minutos até à chegada.  
No meio de um xixi, uma gargalhada, um tropeção, logo seguido de um "engoli a pastilha" (que a minha irmã não leia isto) e um "tenho fome", tudo intercalado com um milhão de perguntas para as quais nem sempre temos resposta (e acreditem, o jardim zoológico é um sítio bem propício a perguntas que se enquadram na classe do "E agora?")...  a probabilidade de sentir o vazio é quase nula.
Se acrescentarmos a isto, o facto destas rotinas se repetirem vezes sem conta (à excepção do "engoli a pastilha". Não lhes dei mais nenhuma!), depressa entendemos que, com crianças por perto, não existe vazio....
Nunca entendi porque é que os timings das crianças são tão desfasados, porque é que só têm sede quando acabámos de pagar a conta e sair do café, porque é que um só tem vontade de ir à casa de banho quando o outro acabou de sair de lá...

Ah... mas, estava quase a esquecer-me de um detalhe importante, numa coisa os meus sobrinhos estão em sintonia em relação a idas à casa de banho: a vontade surge normalmente quando estamos a meio de uma refeição e, se estivermos num restaurante, a probabilidade de isso acontecer quando o nosso prato acabou de chegar é de... eu diria... uns 100%.
No meio de todas estas aventuras .... e daquele abraço inesperado e sentido que nos deixa quase sem reacção... pouco tempo sobra para sentir o vazio.
Mas isto não dura sempre... Podia tentar pedi-los "emprestados" durante uns tempos mas… nº1 não me parece que a minha irmã estivesse aberta à sugestão; nº2 não me parece que eu conseguisse sobreviver sem um curso intensivo e uma boa dose de vitaminas; nº3 os "custos de manutenção" dos miúdos nos dias que correm são elevadíssimos... Um simples dia do Jardim Zoológico, com entradas, refeições, estacionamento... devorou uma fatia "simpática" (digo simpática, porque valeu muito a pena) do meu plafond até ao fim do mês.
Sim, nunca me tinha dado conta de como os miúdos conseguem preencher o vazio... no final do dia, quando regresso a casa e eles já dormem no banco de trás do carro, não consigo deixar de pensar, como teriam sido os nossos filhos.
Fiquei exausto (daí os zero posts ontem), mas exausto é bom…  em dias como este.

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